ANTONIO NONATO MARQUES RESPONSAVEL PELA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO MÉDICO VETERINÁRIO NA BAHIA.

Sempre que vierem a ser lembradas as figuras que tiveram suas vidas ligadas à Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia e à Medicina Veterinária Baiana, deve ser trazida ao lume a reverenda imagem do Dr. Antonio Nonato Marques, grande responsável pela movimentação política e administrativa para a implantação da então Escola de Medicina Veterinária da Bahia, devendo todos que por ela passaram manter uma postura de gratidão, a qual sempre será pouco ser preiteada, muito embora o seu busto esteja adornando os jardins daquela Instituição.

O Dr. Nonato foi o homem que quando Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio do Estado da Bahia acolheu a oportuna sugestão do médico veterinário Fúlvio José Alice, diretor do Instituto Biológico da Bahia, passando a liderar a batalha de forma correta e acelerada pela implantação daquela Escola, quando do governo do Dr. Luiz Regis Pacheco. Tudo está devidamente testemunhado pela ata da colocação da pedra fundamental da sua construção, cujo original está exposto na “Sala da Congregação” da Escola e pela sua assinatura na “Exposição de Motivos” encaminhada ao Governador do Estado da Bahia no dia 15 de maio de 1951, que gerou a Lei 423 de 20 de outubro também de 1951 que definiu a criação da hoje cinqüentenária Unidade de Ensino da Universidade Federal da Bahia.

Antonio Nonato Marques veio ao mundo pela graça de Deus no dia 22 de abril, por intermédio de D. Mariana e do Coronel Elias Marques, na então vila de Bela Vista de Santo Antonio das Queimadas, em plena caatinga do nordeste da Bahia. Durante a sua infância, enquanto fazia a sua instrução primária na sua terra natal, aprendeu a ver a agressividade e a dadividade da natureza, sendo assim despertado o seu interesse cientifico e seu dom de poeta.

Fez o curso complementar na Cidade de Alagoinhas, em nosso Estado, aportado a Salvador para os estudos preparatórios no Ginásio da Bahia, que já albergava a então jovem e promissora intelectualidade da velha Capital. Por essa época se contagia e se associa a um grupo seleto de inspirados poetas conhecidos como “Grupo da Baixinha” que se reunia cotidianamente para apresentações e polêmicas literárias. Aí estava a medrar a semente do poeta. Egresso na turma de Agrônomos de 1937 da antiga Escola Agrícola do Monte Serrat, situada em Salvador, da qual foi orador, institucionalizou a sua vocação e seu interesse pelas coisas agrárias. Assim seria colhido o fruto do seu conhecimento cientifico.

Como profissional da Agricultura se tornou Engenheiro Agrônomo da então Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca, onde durante 12 anos aplicou os seus conhecimentos na construção de barragens e açudes, enfrentando a rudeza dos sertões da Bahia e da Paraíba.

Assumiu a Presidência do hoje extinto Instituto Baiano do Fumo quando da Interventoria do General Renato Onofre de Pinto Aleixo, em 1942 e em seguida a diretoria da antiga Escola Agronômica da Bahia, em 1944, hoje integrante da Universidade Federal do Recôncavo. No ano de 1945, respondeu interinamente pela pasta da Secretaria de Viação e Obras Públicas, daquela mesma Interventoria.

Acelerou a sua carreira administrativa como Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio, na Interventoria de Guilherme Marback (1946), voltando ao importante cargo em 1951, no governo de Regis Pacheco, quando tinha sido eleito para a Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, deixando o importante cargo para assumir a Câmara Federal em 1954. Terminando esse mandato foi nomeado Presidente da Caixa Econômica Federal no Estado da Bahia em 1959, retornando a Câmara Federal em 1961, tendo já Brasília como Capital da Republica.

Seria longa e quase interminável a lista de cargos e atividades desse ilustre baiano, sempre todas voltadas para o meio rural, quer como assessor de diversas entidades, e membro de Conselhos Consultivos e Deliberativos, sempre dando o de melhor do que podia e oferecendo os seus préstimos sem solicitar retorno de alguma coisa de ordem material.

Com doze livros publicados, peregrinou como jornalista especializado em vários jornais baianos, sobressaindo-se também como articulista e poeta.

Não seria por demais chamá-lo de “Virgilio Nordestino”, doublé de poeta e profundo conhecedor dos problemas agrícolas, pois como o extraordinário romano, empregou todo o seu talento e toda a sua vida em prol do desenvolvimento do campo, sempre entremeado pela sua arte poética.

Indubitavelmente, esse ilustre homem público portador de grandes virtudes morais, possuidor de grande força de vontade e detentor de inteligência arguta, era também um profissional, que no seu ramo de atividade, deve ser lembrado e, sobretudo, reverenciado, tendo prestado os mais assinalados serviços ao Estado da Bahia.

A comunidade baiana pranteou o seu falecimento ocorrido no dia 5 de abril de 2006, tendo sido sepultado no Cemitério do Campo Santo na Cidade de Salvador.

A Medicina Veterinária da Bahia lhe é muito grata.

 

* Acadêmico Titular Fundador da Academia Baiana de Medicina Veterinária