ANTONI VAN LEEUWENHOEK E SEUS VERMES ESPERMÁTICOS*

Na Antigüidade nada se sabia sobre o gameta masculino. Aristóteles (384-322 a.C.) responsabilizou o sêmen como o fator capaz de iniciar o desenvolvimento do concepto; ficando a sua formação estritamente dependente das secreções uterinas e as novas estruturas iam sendo formadas progressivamente (epigênese). A concepção dos homens sobre a essência da sexualidade ficara entre a ignorância e a superstição.

O autodidata e microscopista holandês Antoni van Leeuwenhoek (1632 – 1723) fez descobertas significativas. Inicialmente identificou os primeiros microorganismos, denominados animálculos, em infusões que ele mesmo havia preparado. Posteriormente ele visualizou a “semente animal”, ou “vermes espermáticos” (espermatozóides) no sêmen do carneiro.

Em abril de 1676 ele escreveu: “Não tenho dúvida de que os testículos foram feitos sem nenhum outro objetivo além de fornecer os pequenos animais que contêm e conservá-los até serem expelidos”.

Leeuwenhoek ilustrou suas descobertas – os animálculos do sêmen do macho, com figuras mapeadas com seta, letras e números e as descreveu: “A Figura 1 mostra um animálculo que tem quase sempre esse aspecto quando está vivo e se movimenta, nadando com sua cabeça, ou parte dianteira, em minha direção”. ABC é o corpo; CD, a cauda, que serpenteia como enguias na água, quando ele nada. Em minha opinião, dez centenas de milhares deles não equivaleriam, em tamanho, a um grão de areia”.

Em 1687, Henri Lipstorp estabeleceu a hipótese sobre a necessidade da semente animal para a fecundação, através do seu trabalho: “Dissertatio de animalculis in humano corpore genitis”.

Esta situação de total ignorância, sobre os animálculos de Leeuwenhoek, não tardou de ser, parcialmente, esclarecida. O monge italiano Lazzaro Spallanzani (1729–1799) provou, inicialmente em sapos, que o contato entre o sêmen e os ovos era indispensável para a fertilização e depois na cadela, realizou a primeira inseminação artificial. Em 1827, o embriologista russo Karl Ernst von Baer (1792–1876) cunhou o termo “espermatozóide” para o gameta masculino.

 

* Apresentado no 34º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, Santos, 2007.

** Acadêmicos Titulares da Academia Baiana de Medicina Veterinária

*** Médica veterinária

**** Professor da Escola de Medicina Veterinária da UFBA